* Relatório ANAC-Roland Berger avalia custo NAL em 5.400 M€ sem acessibilidade
** Indicação ANA
Financiamento com receitas próprias
A deslocalização das companhias “low-cost” para o Montijo de acordo com a proposta da concessionária, forçará a uma renegociação das taxas aeroportuárias em relação às actuais praticadas na Portela face ao abaixamento de condições.
O “HUB Alverca longo-curso/Portela médio-curso” não justifica uma renegociação das taxas aeroportuárias (não existirá diferenciação entre plataformas o que permite manter a taxa actual) o que, durante período da concessão, representa um ganho comparativo face à solução da concessionária e que financia o respectivo custo de construção.
- No caso da solução provisória do Montijo, a deslocação de chegada/ saída terá de ser feita por via rodoviária com portagem ou por autocarro 4 km + barco 13 Km. Certamente esta redução no conforto, somada à duração da viagem e ao maior custo de deslocação, levará a uma inevitável redução da taxa aeroportuária para manter a competitividade. Estimamos que o Montijo deverá em média ter uma redução de 7-10 € por passageiro em relação à Portela.
- No caso da solução HUB Alcochete, o pesado investimento terá de ser integralmente suportado pelo Estado, e as taxas dependerão da montagem económico-financeira, sendo certo que estas nunca poderão suportar a globalidade do investimento, sob pena de uma perda de competitividade considerável. Note-se que os concorrentes Madrid e Barcelona, que estão a 12 km do centro, já fizeram o investimento na sua infraestrutura definitiva e estão agora num patamar tarifário semelhante ao que hoje Lisboa tem.
- A nossa proposta “HUB Alverca longo-curso/Portela médio-curso” trata-se de um único aeroporto com a circulação interna de passageiros entre terminais através de um comboio automático dedicado, e acesso de passageiros ao aeroporto, com a vantagem de 4 conexões ferroviárias, pelo que a taxa se poderá manter uniforme. Desta forma, sem mexer no nível tarifário, verifica-se numa expedita avaliação estimada a “grandes números” que, apenas por esta via, poderia representar um diferencial de receita suplementar de cerca 3.000 M€ do “HUB Alverca longo-curso/Portela médio-curso” face à solução da concessionária.
- O financiamento, montagem e operação de um comboio automático trata-se de um negócio rentável e independente, que se auto-financia por uma tarifa-extra para quem entre ou saia na estação de Metro da Portela que serve o HUB (similar a aeroportos como o de Madrid e Barcelona).
Eficiência económica
- A experiência portuguesa nas últimas décadas:
- Pista do aeroporto na ilha da Madeira (utilizado por 4 milhões de passageiros ao ano): Ampliar a pista existente dos dois lados para que atingisse 2.600 m teve um custo de ≈ 200 M€, o que significa um valor de 77.000 € por metro de pista ou 50 € por passageiro ao ano;
- Aeroporto de Macau (utilizado por 7 milhões de passageiros ao ano): Construção de pista com 3.300 m numa ilha artificial + acesso por viadutos taxiway (2.500 m) custou cerca de 650 M€, o que significa 197.000 € por metro de pista ou 93 € por passageiro ao ano.
- Ampliação da capacidade aeroportuária de Lisboa – As soluções em confronto:
- Aeroporto definitivo em Alverca (utilização por 40 milhões de passageiros ao ano): Mantém pista na base aérea do Montijo para uso militar (2.150 m), supõe pista com 3.700 m em “ilha” natural / viadutos taxiway (800 m), e ainda ampliação de pista de 2.500 para 3.100 m, com um custo global até 120 M€, o que significa 13.400 € por metro de pista ou 3 € por passageiro ao ano;
- Aeroporto provisório na base aérea do Montijo (utilização até 15 milhões de passageiros ano): Necessária mudança militar operacional + Ampliação de pista para 2.400 m + Retificação e melhoramento de canal de navegação, com um custo total até 180 M€ (sem campo de tiro), o que representa 75.000€ por metro de pista ou 12 € por passageiro ao ano. Além disso, por tratar-se de uma medida intercalar, acrescerá a este valor o custo da construção de um novo aeroporto em Alcochete.
Eficiência ambiental
- A conectividade ferroviária de um aeroporto é uma necessidade económica e ambiental, sendo a redução de emissão de CO2 (aeroporto & acessibilidades) uma imposição da concessão ANA. A atratividade ferroviária depende do número de mudanças de transporte (a grosso modo: uma mudança reduz a atratividade em 20%, duas mudanças reduz 50%, e três já chega a 90%) e do binómio tempo-custo.
- Lisboa – Centro (Marquês-Saldanha) e área metropolitana:– A penalização com Montijo e Alcochete: A base aérea está desconectada da rede ferroviária e a alternativa fluvial implica três ou quatro mudanças de transporte (bus até estação fluvial + barco + metro até ao centro e/ou suburbano), o que, numa análise ida-e-volta, empurra o passageiro aeroportuário para o transporte rodoviário. No caso de Alcochete, o shuttle ferroviário direto à Gare do Oriente implicará um custo ida-e-volta (na compra do bilhete) superior a 30€, e ainda um tempo de espera mais viagem superior a 2 horas.– O benefício com HUB Alverca longo-curso / Portela médio-curso: Múltiplas ligações diretas para o passageiros da área metropolitana que, além de não ter de efectuar mudança na Gare Oriente, ganha ainda 40-60 minutos no tempo ida-e-volta.
- Nacional – catchment area até Coimbra na linha do Norte (inclui linha da Beira Baixa e ramal de Tomar):– A penalização com Montijo e Alcochete: Montijo está desconectado da rede ferroviária. Já no caso do aeroporto em Alcochete, há o problema do aumento da distância. Por exemplo, a distância de ida-e-volta à cidade intermédia do Entroncamento subiria de 200 km para 310 km (+ 55%) e teria ainda um custo suplementar superior a 30 € no shuttle via ponte Chelas-Barreiro.– O benefício com HUB Alverca longo-curso / Portela médio-curso: Entroncamento teria ligação direta e a distância ida-e-volta reduz-se de 200 km para 170 km.
- A importância da conectividade ferroviária na redução das emissões de CO2:
– HUB Alverca longo-curso / Portela médio-curso: O modo ferroviário deverá ultrapassar 60%. A parcela rodoviária é metade da solução da concessionária, e o diferencial a favor aumenta ainda por multiplicar por um número inferior de quilómetros (trajeto é 1/3 de Alcochete).
– Portela + Montijo (1ª fase): A percentagem do modo ferroviário (funcionamento a eletricidade) no transporte de passageiros e trabalhadores aeroportuários não deverá ultrapassar 25-30%, sendo que a restante percentagem em transportes implicará o uso de combustíveis fósseis (veículos e barco). Na fase seguinte, com aeroporto em Alcochete, o modo ferroviário deverá ir até 30-35%, contudo a emissão de CO2 das viaturas será superior ao caso anterior, dado o trajeto ser cerca do dobro.
- Encaixe optimizado nas condições locais: A solução que propomos passa por aproveitar o Mouchão da Póvoa de Santa Iria (“ilha” natural) para colocar a pista nova na sua bordadura, preservando-se o uso do solo agrícola (pavimentação só ocupa até 5% da área), que permite manter o canal do rio Tejo, e que conta ainda com a vantagem de não necessitar de grandes intervenções. Tal é o caso de aeroportos em que foi necessário a construção ou extensão de uma ilha artificial (ex. Macau e Hong Kong, China; Haneda, Kansai ou Okinawa, Japão), ou que foi necessário aterrar o terreno entre duas ilhas (ex. Aeroporto de Seul, Coreia do Sul).
Benefícios para o país do “HUB Alverca longo-curso/Portela médio-curso” ultrapassam 30.000 milhões de euros na vida da concessão
- Evitar a perda de turismo: A redução significativa de tempo de transporte e no seu custo evitará a perda de 50-75 milhões de turistas na vida da concessão com um valor médio por turista de ≈ 400 €;
- Poupança no custo da deslocação: Mais de 90% das origens/destinos são na margem norte. Serão evitados os desnecessários custos devidos a milhões de quilómetros percorridos a mais e nas cumulativas portagens rodoviárias no atravessamento do Tejo (seja na 25 de Abril, V. Gama ou Chelas-Barreiro) e na auto-estrada até ao campo de tiro de Alcochete;
- Horas perdidas em transporte: O número de horas despendidas em transporte tem um valor económico. Dado o volumoso número de horas a mais gastas na solução “Montijo provisório + C.T Alcochete” na vida da concessão e mesmo admitindo de forma conservadora o valor de 10€/h do estudo de 2007 sobre “Portela +1” (estudo LNEC indica 25€), o diferencial global será extraordinariamente significativo;
- Acidentes rodoviários: A sua ocorrência aumenta linearmente com o número de quilómetros percorridos, considerando o estudo LNEC, a preços de 2002, um valor de 803.400 € (acidente com vítima) e 107.400 € (acidente com ferido grave);
- Emissões CO2: A quota da acessibilidade ferroviária a HUB Alverca-Portela será ≥ 60% enquanto para a solução de Provisório Montijo (fluvial) + C.T. Alcochete (longínquo ferroviário) apenas chegará a 25-35%, o que leva, comparativamente, a um muito maior volume de emissões CO2 na solução da concessionária. O estudo LNEC considerou o custo de tonelada CO2 em função do ano de emissão: 32 € (2020-2029), 40 € (2020-2039), 55 € (2040-2049) e 83 € (em 2050);
- Multiplicador económico: É imediato e considerável devido à rentabilização/potenciação do tecido económico existente (nomeadamente o cluster aeronáutico e a fileira logística), que acreditamos ser significativamente superior ao da proposta da Concessionária.